Downtown Filmes
apresenta
Uma Produção
Drama Filmes e Clube Silêncio
Dirigido por
Beto Brant
Renato Ciasca
Com
Julio Andrade
Tainá Müller
Produzido
por
Bianca Villar
Produção
Executiva
Bianca Villar e Gustavo Spolidoro
Roteiro
Marçal Aquino, Beto Brant e Renato Ciasca
Baseado no livro “Até o Dia em que o Cão Morreu”, de Daniel Galera, Livros do Mal,
2003, e Companhia das Letras, 2007
ELENCO
JULIO ANDRADE: Ciro
TAINÁ MÜLLER: Marcela
LUIZ CARLOS V. COELHO: Elomar
MARCOS CONTRERAS: Lárcio
JANAÍNA KREMER: Ana
ROBERTO OLIVEIRA: Pai
SANDRA POSSANI: Mãe
e CHURRAS, o Cachorro
FICHA TÉCNICA
Brasil - 2007 - 82 minutos
Direção: BETO BRANT e RENATO CIASCA
Roteiro: MARÇAL AQUINO, BETO BRANT e
RENATO CIASCA –
Baseado no livro “Até o Dia em que o Cão Morreu”, de DANIEL GALERA
(editora Livros do Mal, 2003. Reeditado pela
Companhia das Letras, 2007)
Produção: BIANCA VILLAR
Produção Executiva: BIANCA VILLAR e
GUSTAVO SPOLIDORO
Direção de Produção: CAMILA GROCH
Direção de Fotografia e Câmera: TOCA
SEABRA
Direção de Arte: LUIZ ROQUE
Figurino: MARISA CARBONI
Maquiagem: BABY MARQUES
Produção de Elenco: VANISE CARNEIRO
Montagem: MANGA CAMPION
Som Direto: CRISTIANO SCHERER
Desenho de Som: BETO FERRAZ
Pós-produção: ELIANE
FERREIRA
Música Original: INSTITUTO
- Participação: Natalia Grosiak, FEZ, Lucio Maia e Gui Amabis
Musica Incidental: NAÇÃO
ZUMBI, LUPICÍNIO RODRIGUES e CACO VELHO
Performance ao vivo: PLANONDAS
Ciro lê: Lágrimas de Chuva - Uma Aventura na
URSS, de Sérgio Faraco
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA Rio
de Janeiro Primeiro Plano Tel.: +55 21 2286 3699 Anna Luiza Muller - annaluiza@primeiroplanocom.com.br Ana Roditi - anaroditi@terra.com.br São Paulo FCF Comunicação Francisco César Filho Márcia Vaz - fcfcom@uol.com.br Tel.: (11) 3031-1509 Rio Grande do Sul Sarah Gourlart sarah@vitrinecom.com.br Tel.: (51) 3330-4472 / 9198-7621 Telefones:
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Patrocínio
Petrobrás
Governo Federal
Ministério da Cultura
BNDES
SABESP
UNIBANCO
C&A
BANCO IBI
Co-produção
Megacolor
Estúdios Mega
Europa Filmes
Quanta
Produção
Drama Filmes
Clube [...] Silêncio
CÃO SEM DONO
Sinopse
CÃO SEM DONO é uma
observação de um relacionamento amoroso, escrita com as cores íntimas de um
retrato de geração. Narra o encontro entre Ciro, recém-formado em Literatura,
que passa por uma crise existencial marcada pelo ceticismo e pela falta de
planos, e Marcela, uma ambiciosa modelo em início de carreira, que se entrega
de forma obsessiva ao seu trabalho e, com isso, adia para
mais tarde a realização de qualquer sonho.
DIRETORES E ROTEIRISTAS
Nascido
em 1964, Beto Brant realizou seus primeiros longas-metragens a partir da
segunda metade da década de 1990, período conhecido como a “retomada do cinema
brasileiro”. Em 1995, filmou Os Matadores,
um drama policial rodado na fronteira do Brasil com o Paraguai. O filme deu
início à parceria do diretor com o escritor e roteirista Marçal Aquino.
Dessa
parceria surgiu, em 1998, Ação Entre
Amigos, que narra a história de um grupo de
ex-guerrilheiros que se reencontram 25 anos depois de terem sido torturados
pelo regime militar.
Em
2001, Beto Brant realizou seu terceiro longa, O Invasor. Baseado na novela homônima de
Marçal Aquino, o filme retrata o crime e a violência como pontos de
contaminação entre classes na sociedade urbana brasileira.
Adaptado
do romance do escritor Sergio Sant`anna, Crime Delicado, lançado em 2006, narra
um relacionamento amoroso que expõe os mecanismos do controle e manipulação.
Ao
lado de Renato Ciasca, dirigiu o longa CÃO SEM DONO, rodado em Porto Alegre.
RENATO
CIASCA - Diretor e Roteirista
A
parceria do produtor, diretor e roteirista Renato Ciasca com o diretor Beto
Brant vem de 1982, quando se conheceram no curso de cinema da FAAP. A partir de
1984, eles se associaram em diversos projetos artísticos, o primeiro deles o
curta de formatura, Aurora. O
curta venceu prêmios nos festivais de Gramado e Brasília (melhor filme
em 16 mm).
Depois
de viajar por diversos países, como EUA, Austrália, Índia, Nepal e vários da
América do Sul, em 1994, Renato engajou-se em Os
Matadores. Participou,
como produtor e co-roteirista dos longas Ação Entre Amigos (1998)
e O Invasor (2001). Em 2004, produziu e co-dirigiu (com Eduardo
Quintino) o documentário Corrida de Aventura -
Perrengue na Chapada e, em
2005, produziu o longa CRIME DELICADO.
Ao
lado de Beto Brant, dirigiu o longa CÃO SEM DONO (2007), rodado
em Porto Alegre.
MARÇAL AQUINO - Roteirista
JULIO ANDRADE
Julio
Andrade já participou de 21 filmes, entre curtas e longas-metragens, como: O Homem que Copiava e Meu Tio
Matou um Cara, ambos
de Jorge Furtado; Tolerância e Sal de
Prata, de Carlos Gerbase; e Wood
& Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll , de
Otto Guerra.
Em 2001,
ganhou o Kikito de Melhor Ator do Festival de Gramado e o prêmio da APTC de
Cinema Gaúcho por sua participação em Final - Trilogia de Amor
em 16 mm - Parte 1, de Gustavo Spolidoro. Julio
recebeu ainda mais dois prêmios de Melhor Ator da APTC por sua participação em
Quem?, de Gilson Vargas, e
Miopia, de Muriel Paraboni.
Na
televisão, atuou no episódio "Refém", da série Carga
Pesada, na especial Por toda
a minha vida , sobre a cantora Elis Regina, e da novela Pé na Jaca , todos na Rede Globo.
Julio
também participou de várias peças, entre elas, Macbeth, de William Shakespeare, com direção de Patrícia Fagundes; BAILEI
NA CURVA , de Júlio Conte, com direção de Júlio Conte; O PAGADOR DE PROMESSAS, de
Dias Gomes, com direção de Roberto Oliveira; Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, com direção de Roberto Oliveira; e Menino
Maluquinho, de Ziraldo, com direção
de Adriane Motolla, pela qual ganhou o Troféu Tibicuera de melhor ator (para
teatro infantil), em 2000.
Em 2007,
Julio participa dos filmes Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, Ainda Orangotangos , de Gustavo Spolidoro, e protagoniza CÃO SEM DONO , de Beto e Renato Ciasca.
Daniel Galera nasceu em
São Paulo no dia 13 de Julho de 1979, viveu a maior parte da vida em Porto
Alegre e hoje mora de novo na cidade natal. Após alguns anos publicando textos
em fanzines como o Cardosoline e participando de revistas e antologias, criou,
junto com dois amigos, a editora Livros do Mal, pela
qual publicou seu livro de estréia "Dentes Guardados" (contos, 2001),
que foi adaptado para o teatro por Mário Bortolotto em 2002 e publicado na
Itália em 2003. Em abril de 2003, publicou pela Livros
do Mal seu segundo livro, a novela "Até o dia em que o cão morreu".
Em 2006, publicou o romance "Mãos de Cavalo" pela Companhia das
Letras, editora também responsável pela reedição de "Até o dia em que o
cão morreu" em março de 2007.
Além de tradutor
literário e jornalista free lancer, Galera é autor de Jogatina, um blog do
portal Nomínimo que trata dos videogames como entretenimento e fenômeno
cultural (http://jogatina.nominimo.com.br).
PRODUTORES
BIANCA VILLAR - Produtora e
Produtora Executiva
Bianca Villar é formada em jornalismo e começou
sua carreira no Estação Botafogo, em 1998, como
assessora de imprensa e coordenadora de produção de mostras de cinema. Depois,
passou pela distribuidora Lumière, trabalhando com distribuição, marketing e
mercado internacional.
Em 1994, mudou-se do Rio de Janeiro para São
Paulo e retomou a parceria com Adhemar Oliveira, com quem tinha trabalhado no Estação, na salas que são hoje o Espaço Unibanco,
onde conheceu Beto Brant e Renato Ciasca no lançamento de Os
Matadores.
Em
97, Bianca decidiu trabalhar na produção de filmes com passagens pelas
produtoras Dezenove Som e Imagens e Star Filmes Nesse
periodo foi diretora de produção do documentario "Person",
de Marina Person, e assistente de produção do longa-metragem "A Hora
Mágica", de Guilherme de Almeida Prado, entre outros.
Em Ação Entre
Amigos, Bianca trabalhou na equipe de produção na filmagem, na produção do
lançamento comercial no Brasil e contatos internacionais. Dessa parceria nasceu
a Drama Filmes, em 2000. Na Drama, Bianca produziu O Invasor, Crime Delicado e
CÃO SEM DONO.
GUSTAVO
SPOLIDORO - Produtor Executivo
Gustavo Spolidoro nasceu
em 2 de maio de 1972. É formado em Comunicação Social
pela PUC/RS. Dirigiu 13 curtas nas mais diversas bitolas e formatos, com
destaque para seu primeiro curta, Velinhas, de 1998, exibido no Festival de Berlim, Outros, de 2000, vencedor de 14 prêmios
no Brasil e exterior, e Início do Fim,
2005, que participou da Competição de SUNDANCE/2006 e de ROTTERDAM/2006.
Desde 2004, é sócio da
produtora Clube Silêncio, onde finaliza seu primeiro longa,
Ainda Orangotangos, com estréia prevista
para o segundo semestre de 2007. É Coordenador de Curadoria do CineEsquemaNovo – Festival de Cinema de Porto Alegre e
professor de Cinema da PUC/RS. É o produtor executivo do
longa CÃO
SEM DONO, co-produção da Drama Filmes e do Clube Silêncio.
Criada
em 2001, a Drama Filmes produziu seu primeiro longa-metragem, O Invasor, distribuído comercialmente na França, Reino Unido, Argentina,
Polônia, Espanha e Israel e detentor de diversos prêmios nacionais e
internacionais, dentre eles o de melhor filme Latino Americano no Sundance
Filme Festival de 2002, melhor filme pela APCA em 2001 e no Festival de Recife
de 2002.
Em
2003, a empresa lançou o curta-metragem Cura
Dor (dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca), e o documentário Corrida de Aventura – Perrengue na Chapada
(dirigido por Renato Ciasca e Eduardo Quintino), em 2004, o curta-metragem Confiança (dirigido por Beto Brant).
Produziu
o longa-metragem Crime Delicado, que
levou o Prêmio da Crítica Internacional (FIPRESCI) e Melhor Diretor no Festival
do Rio em 2005, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia no Festival Brasileiro de
Miami e Melhor Atriz (Lílian Taublib) nos Festivais de Cuiabá e Lima – Peru.
Em
2007, a produtora lança o longa CÃO SEM DONO, dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca.
A Drama Filmes é formada por Beto Brant, diretor de cinema e co-produtor de seus filmes
anteriores (Os Matadores
e Ação entre Amigos); Renato
Ciasca, diretor, produtor e roteirista; e Bianca Villar, produtora
com experiência em comercialização e distribuição de filmes.
CO-PRODUTORA
CLUBE
[...] SILÊNCIO
A
Clube Silêncio foi lançada no Festival de Cinema de
Gramado de 2004. A produtora é formada por quatro cineastas gaúchos revelados
na década de 90: Fabiano de Souza, Gilson Vargas, Gustavo Spolidoro e Milton do
Prado. Antes da abertura da empresa, os quatro sócios já somavam mais de 250
minutos em filmes de curta e média metragem e mais de 60 prêmios em festivais.
Entre as produções
assinadas pela Clube Silêncio, estão os curtas: Dois Coveiros, de Gilson Vargas (com
estréia prevista para agosto de 2007); Sketches,
de Fabiano de Souza (2006); A Domicílio,
de Nelson Diniz (2006); Início do Fim, de Gustavo Spolidoro
(2005); Cinco Naipes, de Fabiano de
Souza (2004); Messalina, de Cristiane
Oliveira (2004).
Atualmente, a produtora está finalizando o longa Ainda
Orangotangos, de Gustavo Spolidoro, com estréia prevista para o
segundo semestre de 2007.
Em 2006, a Clube Silêncio
produziu CÃO
SEM DONO, de Beto Brant e Renato Ciasca.
TEXTOS DOS DIRETORES
Durante o lançamento de "O Invasor" em Porto Alegre, em 2002, fomos apresentados pelo Marçal Aquino ao Daniel Galera, que nos mostrou seu livro "Dentes Guardados". Em 2004, quando o Galera publicou "Até o Dia em que o Cão Morreu", Guilherme Pilla, seu sócio na Livros do Mal, nos entregou um exemplar do livro recomendado pelo Marçal, que já o tinha lido em primeira mão.
Sempre tivemos uma curiosidade por Porto Alegre e esta era a chance, o pretexto para uma viagem de fôlego. Pedimos o texto para o Galera e, em 2005, fomos a Porto fazer uma leitura do livro com ele e o Marçal, à procura de intimidade com as intenções do autor e também para conhecer a cidade sob o ponto de vista dele. Uma curiosidade sobre o roteiro é que incluímos o conto "Natureza-Morta", do livro "Dentes Guardados", na sua versão final.
Junto com a Bianca Villar, nossa sócia na Drama Filmes, voltamos a Porto Alegre em 2006 com o roteiro pronto e com o financiamento do filme totalmente levantado. Já conhecíamos o Gustavo Spolidoro, então nos associamos com a sua produtora "Clube Silêncio". O Gus assumiu com a Bianca a produção executiva do filme e foi ele quem escalou praticamente toda a equipe. Os primeiros a chegar foram o diretor de arte Luiz Roque e a diretora de produção Camila Groch, que tinham acabado de fazer o curta "Início do Fim", do Gus. Em seguida, veio a produtora de elenco Vanise Carneiro, atriz de vários curtas da Clube, como "Messalina", de Cristiane de Oliveira. Vanise nos apresentou três atores do grupo "Depósito de Teatro": o Julio Andrade para o protagonista, o Roberto Oliveira e a Sandra Possani para serem os pais do personagem Ciro. Naquele momento, eles estavam em cartaz com um espetáculo genial sobre o dramaturgo gaúcho Qorpo Santo.
Na Clube, assistimos ao curta "5 Naipes", de Fabiano Souza, e nele conhecemos a Jana (Janaína Kremer). Fomos ao teatro vê-la em "Vladimir e Estragon" e após o espetáculo a convidamos para ser a Ana, a mulher do motoboy Lárcio. No momento da filmagem, ela estava com 9 meses de gravidez, a poucos dias do nascimento do Francisco, citado no diálogo do filme. Participou da cena, como filho do casal, seu outro filho de 2 anos, José, o menino que viaja no aquário enquanto os mais velhos viajam nas fotografias do mural.
Chegamos então ao superlativo Marcos Contreras, o motoboy Lárcio do filme, por meio de uma série de curtas de alunos da Unisinos que a Vanise nos mostrou. Esse cara é de fato fora de série tanto como ator como diretor de um dos curtas, um plano-seqüência de trinta e poucos minutos. Nos ensaios, Contreras revelou sua tremenda capacidade de improviso. Marcou “Cão sem Dono” com seu bom humor absurdo.
Na rua Riachuelo, no centro de Porto Alegre, íamos freqüentemente ao restaurante Atelier de Massas, que tem como um de seus proprietários o artista plástico Gelson Radaelli. Ele mantém uma coleção de quadros seus e de amigos cobrindo as paredes do restaurante. Uma dessas obras, pintura sobre jornal, insinuava aquelas descritas no livro do Galera, feitas pelo porteiro do prédio. Assim conhecemos Luis Carlos Vasconcelos Coelho, que nos convidou para ir a sua casa e nos mostrou uma grande quantidade de pinturas e esculturas. Sua maneira poética de explicar o mundo e sua timidez nos pareceram muito autênticas e sinceras, e queríamos isso dentro do filme. Pedimos que ele lesse o livro e o roteiro e que criasse as pinturas originais para o filme. Não intervimos nas suas pinturas, que estão no filme conforme sua interpretação do texto. Acompanhado do diretor de arte Luiz Roque, Coelho decorou a casa do porteiro com suas obras e objetos. Levou com ele aquele que considera o maior artista do Rio Grande de todos os tempos: Lupicínio Rodrigues.
Durante os encontros com o Galera, conhecemos sua namorada, Tainá Muller. E por sua proximidade com o livro e sua experiência como jornalista e modelo, convidamos para que ela fizesse assistência de direção. Quando fomos para Porto Alegre com a Tainá e começamos a fazer entrevistas para o papel de Marcela, descobrimos que seria impossível encontrar alguém melhor do que a própria Tainá para o papel. Ela confessou seu desejo de interpretar para a Bianca, que nos trouxe a notícia. Tainá é muito determinada e levou a sério essa oportunidade. Buscou o máximo de informações no texto e em pesquisas. E jogou-se com muita intuição no papel de Marcela.
Procuramos a locação do apartamento do Ciro no centro de Porto Alegre, região muito utilizada por estudantes vindos do interior do Rio Grande do Sul. O produtor de locação, Leandro Wengrover, o Lecão, encontrou um apartamento na Rua Borges de Medeiros. Faltando um mês para o início das filmagens, o Julio se mudou para lá com o cachorro Churras, adotado no canil público. E, distanciando-se dos amigos e familiares, aos poucos foi se transformando em Ciro. Provou uma solidão aguda e leu muitos russos e existencialistas. Foi contra sua natureza, mas essencial para o Ciro que resultou na tela.
Julio passou a viver no apartamento com o cão e, juntos, descobriram os arredores do prédio. Nas filmagens, não pedimos nada ensaiado para o Churras. Quando o Ciro passou mal no banheiro, o cão pensou que era o Julio que passava mal. Furou o bloqueio da equipe e foi socorrer o amigo.
O apartamento do Ciro foi alugado de uma família que deixou o imóvel por três meses. Retiramos todos os pertences e pintamos com a cor adequada para o personagem. O Julio entrou nele vazio e aos poucos foi mobiliando com seus próprios pertences, orientado pelo diretor de arte Luiz Roque.
Nas três semanas que antecederam o início das filmagens, ensaiamos com os atores nas locações. Nossa intenção era fazer com que eles encontrassem os personagens. Não queríamos nos prender aos diálogos do roteiro e percebemos que o elenco poderia nos surpreender com o acento e o universo gaúcho. Fomos para a filmagem e reinventamos o roteiro a partir dessa vivência.
O fotógrafo Toca Seabra e o montador Manga Campion foram as duas únicas pessoas da equipe que não eram de Porto Alegre - com eles, tínhamos feito "O Invasor". A maior parte do filme foi rodada com lâmpadas normais, colocadas na decoração do set. Às vezes, havia uma única fonte de luz, como na cena em que o Ciro quebra o abajur na parede. A cena foi improvisada e o ator não sabia que o abajur era a única fonte. Nós não cortamos a câmera e o ator permaneceu atuando na escuridão. Quando o acaso conspira a favor. Mais uma vez vamos dizer o que está explícito na tela: a condução do movimento da câmera e a sustentação de quadro do Toca são coisas de mestre.
E por fim um comentário sobre a montagem. Assim como no filme "O Invasor", o Manga acompanhou as filmagens como operador de vídeoassist. Além de ver de perto o que buscávamos no set, ele vivenciou todo o entorno que tentamos imprimir no filme. Conheceu a equipe e sentiu a temperatura da cidade.
Em São Paulo, a poucos dias de começar a montagem, o Manga se acidentou de carro e foi obrigado a ficar em repouso, sem andar por três meses. Provou da mesma solidão aguda que o Julio no apartamento. Dormiu do lado do computador e ficou íntimo de cada fotograma. Conseguimos tirar do material um filme sobre um cara com a alma doente, que se redime quando alcança o estado de sentimento de amor por uma mulher.
Beto Brant e Renato Ciasca